domingo, 13 de dezembro de 2009

Orientação e Mobilidade


Algumas crianças cegas apresentam baixo tônus muscular e pouco equilíbrio. É necessário que sejam estimuladas a realizar brincadeiras mais “ativas”, como subir degraus, descer no escorregador, balançar-se, dar cambalhotas, escalar, pular e etc., pois estas atividades fortalecem a musculatura e ativam o labirinto, promovendo o senso de equilíbrio e localização espacial.
A mobilidade é muito importante para a criança cega, pois favorece sua inserção no mundo exterior, ampliando também o desenvolvimento de outros sentidos, como a audição. A cegueira impõe maior limitação na percepção do próprio corpo e do espaço. Com a locomoção restringida, a orientação espacial também se compromete, e, por conseguinte, a integração do sistema vestibular, responsável pela postura adequada, pelo equilíbrio e pelos movimentos harmônicos. As noções de distância geralmente são adquiridas através de deslocamentos corporais, porém para a criança cega essa movimentação torna-se limitada pela falta de estímulo visual. Crianças cegas podem apresentar insegurança e ansiedade diante de pessoas, ambientes e circunstâncias novas ou desconhecidas. Lugares ruidosos podem deixá-la confusa, desorientada e cansada. Estes fatores podem acarretar desorganização psíquica, manifestada através de agitação motora, irritabilidade ou apatia e distanciamento (levando-a a tornar-se alheia ao meio).
A visão constitui um ‘sistema-guia’ usado na orientação espacial. Às vezes para aprender um caminho as pessoas procuram pontos de referência. Os cegos também precisam de referências, porém se utilizam de outros ‘sistemas-guia’ como pistas olfativas (farmácia, bar, açougue), pistas auditivas (ruídos de saída de escola, dos veículos), pistas topográficas (mudança de solo, quebra-mola).
A identificação dos pontos de referência para orientar sua movimentação no espaço organizam e tranqüilizam a criança. É necessário que se removam obstáculos aéreos (evitando choques com a cabeça e parte superior do corpo); que sejam reposicionados objetos como lixeiras, vasos e capachos; que, sempre que possível, sejam sinalizados os pisos em frente a escadas, portas, bebedouros, etc., de modo que todo o espaço em casa e na escola possa ser organizado para favorecer a movimentação autônoma, independente e segura. No livro “Brincar para Todos”, do MEC, há uma orientação para a construção de uma “pré-bengala” com material alternativo de baixo custo que muito pode favorecer as aprendizagens relativas à mobilidade nas crianças a partir de um ano.
A Pré-Bengala é brinquedo em forma de raquete, confeccionado a partir de um bambolê que é dobrado, amarrado e preso com fita adesiva, formando um cabo. Deve ter cor forte e alegre (vermelha, amarela, etc.); no interior do tubo colocam-se bolas, grãos ou objetos que produzam som. Por ter uma base ampla, a pré-bengala impede a entrada da criança pequena em espaços muito estreitos e evita que ela se choque contra paredes, postes ou portais, por exemplo.

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