segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Referências Bibliográficas

Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Visual – MEC – 2007
Saberes e Práticas da Inclusão – Educação Infantil - Dificuldade de Comunicação e Sinalização – Deficiência Visual - MEC – 2005
Brincar para Todos – MEC – 2006
Portal de Ajudas Técnicas – Recursos Pedagógicos Adaptados – MEC – 2002
“Enxergar através do Corpo” - Renata Pontes – Monografia UCAM – Pós-Graduação – 2008

Depoimentos...

ž“Fiz um curso tem uma ou duas semanas, e uma adaptação muito simples que a professora mostrou foi um globo terrestre de plástico onde a professora apenas colou areia sobre as partes que simbolizavam a terra no globo, achei muito interessante e simples, e algo que as vezes nem passa por nossas cabeças. Outros itens que ela nos mostrou já vêm prontos e nem sempre custam caro, como relógios que falam as horas, calculadoras muito grandes, calculas que falam os números. Achei muito legal.Para fazer a cela Braille e poder ensinar aos DV podemos usar até caixas de ovos que fica muito legal e custa pouco. ” Eduardo Nepomuceno
ž“Eu tive um colega num curso uma vez que era cego, havia perdido a visão depois de adulto e não podia ver em Braille já que havia trabalhado muito tempo na indústria química e ele não tinha a sensibilidade suficiente para ler o Braille. Para ele estudar no curso sua esposa, que tinha visão subnormal, teve que gravar todo o livro em fitas cassetes, e durante a aula ele usava um gravador, de fita cassete, para poder estudar em casa. Lembro que a professora de português ficou fascinada com tamanha dedicação e esforço de nosso colega. Para a prova do concurso ele teria a ajuda de um “ledor” que segundo ele, nem sempre consegue transmitir tudo que está na prova, seja pelo cansaço, por causa do tempo, seja pela entonação de voz, posicionamento de vírgula (prova de português).” Eduardo Nepomuceno
ž“Creio que poderá ajudar em nosso trabalho quanto à prática pedagógica da inclusão do DV. Entrevistei uma amiga que trabalha com a inclusão de alunos com necessidades especiais educacionais. Quando a criança nasce cego e chega na idade escolar, frequenta a sala de recursos. E no 5º ano é que vai para uma classe regular. Ela aprende o braile e também o uso do soroban para aprender as 4 operações. Duas vezes por semana tem aula individual com o professor esciapeializado. Também é feita a transcrição das atividades do aluno para o braile. Quando o aluno perde a visão na adolescência ou juventude é matriculado numa classe multiseriada. O aluno aprende como sair do "sistema de tinta" para o braile. Mas, na rede estadual o aluno é encaminhado ao NAPES que dá apoio à escola.” Solange Lacerda Gomes da Silva
žAcredito mesmo que a percepção do toque, na fase inicial seja realmente super importante, mas o cérebro dessas pessoas é surpreendente. Conheço um senhor, de vista, que mora em uma cidade vizinha a minha. Ele só viaja de ônibus e, sozinho, nunca erra o ponto que quer parar. E o mais impressionante é que ele vai oa centro do RJ anda em todas as ruas que precisa faz tudo o que tem que fazer sem ajuda de ninguém, praticamente, e volta pra casa feliz da vida, sem errar nadinha. Após muito tempo perguntaram para ele como ele sabia o ponto onde descer, e ele disse que contava as curvas e o tempo que o ônibus percorria a reta.Fora a audição.Se bobear é capaz de distinguir o ônibus da companhia que está passando. Sou fã numero um deste senhor.”Karina Mansur

Links Interessantes

http://www.bancodeescola.com – vários artigos e orientações sobre inclusão
http://bengalalegal.com – blog com informações, links, orientações variadas, criado por um DV
http://www.braillevirtual.fe.usp.br – site que ensina braile através de brincadeiras online
http://www.ibc.gov.br – Instituto Benjamim Constant, pioneiro da Educação de Cegos, traz textos, artigos, orientações, links diversos do interesse de DVs, leigos e profissionais da educação em geral
http://www.fundacaodorina.org.br – instituição dedicada a produzir condições de acessibilidade para cegos
http://www.laramara.org.br – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual – atua na produção de material, no oferecimento de recursos de acessibilidade para deficientes visuais
http://www.lerparaver.com – material, publicações, links, acessibilidade
http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=210 – livro em pdf que ensina a confeccionar brinquedos adaptados
www.urece.org.br – página de esporte para deficientes visuais
http://videolog.uol.com.br/video?id=295009 – Vídeo:Vida em Movimento – Deficiência Visual – vale a pena assistir

Mais Informações



Muitos brinquedos e materiais especialmente adaptados para crianças cegas podem ser confeccionados com materiais de baixo custo. O “Portal de Ajudas Técnicas”, publicação do MEC, explica como fazer e usar: dominós de figuras geométricas, numerais, quantidades (relevo) e texturas, quebra-cabeça com relevos, caixa de percepção tátil e livro de texturas. Há também uma outra publicação do MEC, o livro “Brincar para Todos”, onde são mostrados vários brinquedos confeccionáveis e outros comercializados, adaptados para diversas deficiências, com grande quantidade de sugestões para o uso de crianças cegas.
Outra publicação muito interessante é o “Manual para Orientação e Mobilidade” que traz inúmeras informações sobre o trabalho com pessoas cegas, inclusive formação de conceitos e outros conteúdos importantes para o dia-a-dia delas.
Todas essas publicações (e várias outras) podem ser encontradas no portal do MEC, na seção “Publicações” da Secretaria de Educação Especial, em versão pdf para download gratuito. Acesse-os através do link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12625&Itemid=860php?option=com_content&view=article&id=12625&Itemid=860

Inclusão na Alfabetização e no Ensino Fundamental






Em geral, a criança cega tem mais facilidade em aprender a ler do que para escrever, pois na maioria das escolas não há máquinas de escrita braile e o uso da reglete e do punção requerem grande precisão motora fina, coisa que até mesmo crianças videntes demoram a desenvolver.
Quanto à aprendizagem matemática, os materiais concretos utilizados por crianças videntes como dominós, dama, trilhas, dados e bingos, desde que devidamente adaptados, serão excelentes recursos para favorecê-la. A criança cega também toma grande proveito de materiais como os blocos lógicos (onde as cores podem ser substituídas por texturas), material dourado, réguas cuisenaire, sólidos geométricos, ábaco e tangran. Réguas, esquadros e transferidores comuns podem ser adaptados com uso de marcações em relevo, feitas com tinta dimensional ou colagem de grãos.
No que diz respeito ao ensino de Geografia, o uso de mapas em relevo e mapas táteis vem se tornado cada vez mais comuns. Também no item “Tratamento da Informação”, o uso de gráficos onde se colocam texturas para substituir as cores e o uso do “Multiplano” também são bastante úteis.
Para o ensino de Biologia, o Museu de Ciências Morfológicas (MCM) da Universidade Federal de Minas Gerais desenvolveu uma série de modelos anatômicos manuseáveis que permitem ao aluno cego compreender as explicações e os conceitos relativos a células, organelas, tecidos, órgãos e sistemas do corpo humano, suas funções e relações. Embora esse material não esteja sendo comercializado ainda, pode servir como inspiração para a confecção de peças similares, com utilização de material alternativo, até mesmo com a colaboração do alunos videntes, com grande proveito para todos.

Cegueira e Educação Infantil


A criança cega também pode e deve ser estimulada a realizar atividades artísticas e a explorar objetos do ambiente escolar. Jogos de construção, de encaixe, utilização de massinhas e argila, pintura de desenhos com relevo destacado e colagens com diferentes texturas auxiliam a criança cega a acessar e compreender os conteúdos do currículo comum.
Da mesma maneira, o acesso ao mundo letrado através do sistema braile deve ser incentivado desde bem cedo, oferecendo-se à criança oportunidade de perceber, através do tato, pontos em relevo desse sistema em etiquetas colocadas em seus objetos pessoais e também em livros adaptados que podem ser criados junto com ela (como forma de garantir significado ao conteúdo) do qual constem objetos, nomes, personagens, etc. – os livros sensoriais. Murais, quadros de avisos, calendários, cartazes e agendas também devem ter sua “tradução” para o braile.
Além disso, a criança deve também ser apresentada ao alfabeto convencional e aos numerais através da manipulação de suas formas “concretas” (recortadas em papelão, madeira, isopor, emborrachado, etc.), uso de relevo (com barbante, massinha, tinta dimensional, etc.).

Cegueira e Educação Infantil


A criança cega também pode e deve ser estimulada a realizar atividades artísticas e a explorar objetos do ambiente escolar. Jogos de construção, de encaixe, utilização de massinhas e argila, pintura de desenhos com relevo destacado e colagens com diferentes texturas auxiliam a criança cega a acessar e compreender os conteúdos do currículo comum.
Da mesma maneira, o acesso ao mundo letrado através do sistema braile deve ser incentivado desde bem cedo, oferecendo-se à criança oportunidade de perceber, através do tato, pontos em relevo desse sistema em etiquetas colocadas em seus objetos pessoais e também em livros adaptados que podem ser criados junto com ela (como forma de garantir significado ao conteúdo) do qual constem objetos, nomes, personagens, etc. – os livros sensoriais. Murais, quadros de avisos, calendários, cartazes e agendas também devem ter sua “tradução” para o braile.
Além disso, a criança deve também ser apresentada ao alfabeto convencional e aos numerais através da manipulação de suas formas “concretas” (recortadas em papelão, madeira, isopor, emborrachado, etc.), uso de relevo (com barbante, massinha, tinta dimensional, etc.).

Os Recursos Didáticos Adaptados

Recursos didáticos são todos os recursos físicos, utilizados com maior ou menor freqüência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades, sejam quais forem as técnicas ou métodos empregados, visando auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente, constituindo-se num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem. De um modo genérico, os recursos didáticos podem ser classificados como:
žNaturais: elementos de existência real na natureza, como água, pedra, animais.
žPedagógicos: quadro, flanelógrafo, cartaz, gravura, álbum seriado, slide, maquete.
žTecnológicos: rádio, toca-discos, gravador, televisão, vídeo-cassete, computador, ensino programado, laboratório de línguas.
žCulturais: biblioteca pública, museu, exposições.
Na educação especial de deficientes visuais, os recursos didáticos podem ser obtidos por uma das três seguintes formas:
žSeleção: Dentre os recursos utilizados pelos alunos de visão normal, muitos podem ser aproveitados para os alunos cegos tais como se apresentam. É o caso dos sólidos geométricos,de alguns jogos e outros.
žAdaptação: Há materiais que, mediante certas alterações, prestam-se para o ensino de alunos cegos e de visão subnormal. Neste caso estão os instrumentos de medir, como o metro, a balança, os mapas de encaixe, os jogos e outros.
žConfecção: A elaboração de materiais simples, tanto quanto possível, deve ser feita com a participação do próprio aluno. É importante ressaltar que materiais de baixo custo ou de fácil obtenção podem ser freqüentemente empregados, como: palitos de fósforos, contas, chapinhas, barbantes, cartolinas, botões e outros.
Toda e qualquer atividade realizada com alunos com deficiência visual requer, principalmente um trabalho de equipe com muita criatividade.

Acesso ao Currículo



O acesso aos conteúdos curriculares para alunos cegos precisa ser feito através da utilização de tecnologias assistivas e de vários outros recursos/estratégias. Essas estratégias podem ser chamadas de:
acomodações (quando se oferece uma condição diferenciada para o aluno, como posicionamento especial na sala, auxílio de um professor ledor, uso de linguagem simplificada, clara e direta para dar as orientações e explicações da aula, tempo adicional para realização das atividades, etc.);
adaptações (quando se utiliza o mesmo material que os demais usam, dando-lhes novos usos ou fazendo pequenos ajustes de acordo com a necessidade, tais como: gráficos feitos com colagem de texturas variadas e não com cores, uso de contorno em relevo para mapas, confecção de pré-bengala a partir de um bambolê desmontado); e
modificações (quando se cria ou modifica a forma dos materiais, o tipo de apresentação, as técnicas de avaliação, o nível de exigência, etc.) de forma a atender à necessidade do aluno.

O Que Todo Professor Precisa Saber e Fazer Quando Tem um Aluno Cego

Há providências a serem tomadas por qualquer professor que tenha um deficiente visual em sua classe. Entre elas destacam-se aquelas referentes ao estabelecimento de procedimentos de segurança e orientações para o relacionamento entre os alunos. Outras orientações importantes são:
1 -Encorajar alunos cegos a utilizar tecnologias assistivas e providenciar para que não se sintam constrangidas ao fazê-lo, promovendo um clima de aceitação entre todos os alunos;
2 -Providenciar para que todos os materiais adaptados (textos com impressão em braile, mapas e ilustrações em relevo, objetos para manipulação concreta, etc.) estejam disponibilizados antes de iniciar as aulas;
3 -Permitir que o aluno tenha um tempo extra para manusear e conhecer os materiais, devidamente adaptados, se possível antes do início das aulas e com a intervenção de um professor de apoio para orientá-lo;
4 -Permitir que os alunos cegos tenham tempo extra para a realização de tarefas e provas, especialmente se precisarem realizar leitura em braile; estima-se que alunos que fazem avaliações com ledores necessitam 50% de tempo extra e alunos que lêem braile 100%, pois precisam também revisar seus registros;
5 -Permitir que respostas possam ser dadas oralmente, com registro feito por um colega ou professor assistente nas atividades de fixação, evitando desperdício de tempo e atrasos ou reduza a carga de tarefas que o aluno cego precisará realizar ao mínimo;
6 -Ser bem específico ao fazer solicitações ou apresentar instruções verbais, evitando rodeios, “indiretas”, ironias e coisas similares; geralmente o aluno cego (principalmente os mais novinhos) tem um entendimento muito “concreto” do mundo – evite confundi-lo;
7 -Organizar o ambiente e orientar os outros alunos para que mantenham sempre o mesmo posicionamento do mobiliário da sala evitando choques e tropeços;
8 -Manter as portas completamente abertas ou completamente fechadas e notificar o aluno cego sobre essa condição para que ele possa se orientar e mover-se com segurança (portas entreabertas são realmente perigosas para alunos cegos); Nunca deixar o ambiente sem avisar o aluno antes além de informá-lo também sobre a presença/ausência de outras pessoas;
9 -Ler em voz alta todos os registros e apontamentos presentes no quadro, em mapas, cartazes, projeções, apresentações, etc.; no caso de filmes, os intervalos das falas podem ser usados para, em voz baixa, descrever os cenários e personagens para o aluno cego;
10 -Permitir gravações em áudio das aulas;
11 -Evitar barulho excessivo e movimentação intensa no ambiente, para não cansar e desorientar o aluno cego;
12 -Eliminar obstáculos dos corredores e do piso da sala (mochilas no chão, guarda-chuvas apoiados nas bordas das mesas ou cadeiras, brinquedos e objetos fora dos lugares certos, lápis no chão, etc.), evitando acidentes;
13 -Estimular os outros alunos a relacionarem-se com o aluno cego, auxiliando-o e participando com ele das atividades em grupo; também devem estar cientes das normas de segurança e dos cuidados que devem ter com a sala assim como dos motivos que justificam tais medidas.

A Escolarização da Criança Cega



A criança cega precisa desde cedo que as pessoas que interagem com ela tenham atitude positiva, ajam com naturalidade e oportunizem a ela o desenvolvimento máximo de suas possibilidades e talentos.
É importante evitar a superproteção e o sentimento de “pena”. A criança cega necessita de regras e limites claros como qualquer outra e não deve ter suas inadequações de comportamento justificadas pela ausência de visão.
É importante falar de frente para a criança cega e mencionar seu nome quando alguma referência for feita a ela, pois ela não tem percepção das expressões corporais ou gestuais. Pelo mesmo motivo, é importante prepará-la sempre para mudanças de ambientes, de posicionamento de objetos, de saída ou chegada de outras pessoas ao local onde se encontra com antecedência.

A audição


Para alunos com deficiência visual, em termos educacionais, e, até no dia-a-dia, a audição é um forte sentido para identificação e locomoção, que juntamente com o tato levam ao aluno se adaptar ao ambiente reconhecendo o espaço com todos os obstáculos que podem oferecer.
Por funcionar como um sentido subjetivo, assim que for percebida a perda visual a criança deve ser estimulada e educada para ouvir adquirindo objetividade, noção de localização e de distância. Com a perda visual, a audição se torna o único sentido de distância de que o cego dispõe.
Mesmo sem nenhuma memória visual, é importante que recebam várias informações verbais, descritivas, sobre lugares, objetos ou pessoas. Dessa forma, fica mais fácil para um deficiente visual constituir uma “imagens e mapas mentais”, que favorecerão sua orientação espacial, como num livro onde o autor descreve as imagens e o leitor as imagina.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Orientação e Mobilidade


Algumas crianças cegas apresentam baixo tônus muscular e pouco equilíbrio. É necessário que sejam estimuladas a realizar brincadeiras mais “ativas”, como subir degraus, descer no escorregador, balançar-se, dar cambalhotas, escalar, pular e etc., pois estas atividades fortalecem a musculatura e ativam o labirinto, promovendo o senso de equilíbrio e localização espacial.
A mobilidade é muito importante para a criança cega, pois favorece sua inserção no mundo exterior, ampliando também o desenvolvimento de outros sentidos, como a audição. A cegueira impõe maior limitação na percepção do próprio corpo e do espaço. Com a locomoção restringida, a orientação espacial também se compromete, e, por conseguinte, a integração do sistema vestibular, responsável pela postura adequada, pelo equilíbrio e pelos movimentos harmônicos. As noções de distância geralmente são adquiridas através de deslocamentos corporais, porém para a criança cega essa movimentação torna-se limitada pela falta de estímulo visual. Crianças cegas podem apresentar insegurança e ansiedade diante de pessoas, ambientes e circunstâncias novas ou desconhecidas. Lugares ruidosos podem deixá-la confusa, desorientada e cansada. Estes fatores podem acarretar desorganização psíquica, manifestada através de agitação motora, irritabilidade ou apatia e distanciamento (levando-a a tornar-se alheia ao meio).
A visão constitui um ‘sistema-guia’ usado na orientação espacial. Às vezes para aprender um caminho as pessoas procuram pontos de referência. Os cegos também precisam de referências, porém se utilizam de outros ‘sistemas-guia’ como pistas olfativas (farmácia, bar, açougue), pistas auditivas (ruídos de saída de escola, dos veículos), pistas topográficas (mudança de solo, quebra-mola).
A identificação dos pontos de referência para orientar sua movimentação no espaço organizam e tranqüilizam a criança. É necessário que se removam obstáculos aéreos (evitando choques com a cabeça e parte superior do corpo); que sejam reposicionados objetos como lixeiras, vasos e capachos; que, sempre que possível, sejam sinalizados os pisos em frente a escadas, portas, bebedouros, etc., de modo que todo o espaço em casa e na escola possa ser organizado para favorecer a movimentação autônoma, independente e segura. No livro “Brincar para Todos”, do MEC, há uma orientação para a construção de uma “pré-bengala” com material alternativo de baixo custo que muito pode favorecer as aprendizagens relativas à mobilidade nas crianças a partir de um ano.
A Pré-Bengala é brinquedo em forma de raquete, confeccionado a partir de um bambolê que é dobrado, amarrado e preso com fita adesiva, formando um cabo. Deve ter cor forte e alegre (vermelha, amarela, etc.); no interior do tubo colocam-se bolas, grãos ou objetos que produzam som. Por ter uma base ampla, a pré-bengala impede a entrada da criança pequena em espaços muito estreitos e evita que ela se choque contra paredes, postes ou portais, por exemplo.

O Desenvolvimento da Percepção Tátil


A exploração tátil é de ampla confiabilidade, significando desenvolver além sentido do tato propriamente dito, a percepção e a interpretação do ambiente por meio dessa via sensorial. As informações obtidas por esta via têm de ser adquiridas sistematicamente, e reguladas de acordo com o desenvolvimento, para que os estímulos ambientais sejam significativos. A consciência do sentido tátil se inicia com atenção às diferentes texturas, com conhecimento das temperaturas, por toques em superfícies vibráteis e de experiências com diferentes consistências. Acredita-se que a maior adaptação em função da perda visual consiste na transformação, por treinamento, da mão em um órgão de percepção sem que ele perca sua função de preensão (como pegar, abrir, encaixar, tampar, empilhar, etc.). A ausência da modalidade visual exige experiências alternativas de desenvolvimento e treinamento motor intenso, a fim de cultivar a inteligência e promover capacidades sócio-adaptativas, imprescindíveis à sobrevivência e à convivência social (especialmente em relação à alimentação, ao auto-cuidado, aos hábitos de higiene, etc.).
O desenvolvimento tátil passa por uma seqüência onde se destacam três etapas marcantes: a consciência de qualidade tátil, o reconhecimento da estrutura e das relações das partes com o todo, a compreensão de representações gráficas e a utilização de simbologia.
Coisas simples como deixar a criança tocar o rosto de um adulto, girar o rosto da criança para que ela não vire só os ouvidos na direção do som, utilizar
objetos com texturas variadas e com apelo sonoro, reorganizar a postura antes, durante e depois das atividades, repetir as atividades para que se conheçam os movimentos, utilizar bolas com guizo, nomear partes do corpo e trabalhar com obstáculos são essenciais para estimular o desenvolvimento tátil. É importante disponibilizar objetos próximos à criança, presos por elásticos, de forma que ela possa encontrá-los e recuperá-los com facilidade. A simples descrição e a manipulação não são suficientes como fontes de informação para que a criança cega adquira a compreensão dos objetos. Ela precisa vivenciar situações significativas e contextualizadas de uso e de ação sobre os objetos para compreendê-los. Também é importante que, ao manipular objetos, seja-lhe dito o nome, para que serve, como usá-lo.

A criança cega precisa que lhe seja oportunizado fazer várias coisas de modo que possa participar ativamente da rotina doméstica e escolar desde cedo. Essas vivências incluem pegar os objetos, guardá-los, tirar roupas e calçados, manusear talheres, copos, abrir embalagens, etc. Entre as crianças cegas os movimentos mais finos e delicados muitas vezes são prejudicados pela falta da visão e é comum a observação de movimentos mais bruscos e grosseiros. A pessoa cega tem que aprender como movimentar-se e que isso pode ser realizado de diferentes formas. Os movimentos precisam ser repetidos e treinados até que ela os faça sozinha, prevenindo e evitando a dependência de terceiros e o autoconfinamento.

A propriocepção (Desenvolvimento da Consciência Corporal)

A propriocepção da criança cega se desenvolve pelo toque do outro e pelo estímulo ao uso do próprio tato, levando à formação da “imagem mental” (consciência corporal) de si, das outras pessoas, do ambiente e dos objetos. A maioria das crianças cegas apresenta movimentos corporais repetitivos, chamados de “ceguismo” (em alusão à semelhança com os movimentos típicos do autismo). Isso não significa retardo ou algo semelhante, mas é uma forma peculiar de manifestarem sua agitação, tensão ou emoção. É também uma forma de brincar com o próprio corpo e desenvolver o equilíbrio, ativando as funções do labirinto.
O incentivo à motricidade é muito importante para que, a partir da integração dos outros sentidos e dos movimentos, ocorra a melhoria das habilidades e competências que levem o cego a “enxergar através do corpo”.
Outro ponto a ser considerado, quanto aos registros psicomotores é que as sensações de mover-se e de ser movido são experiências muito distintas. Para a criança cega, o início de sua movimentação e do seu deslocamento no espaço podem acarretar medo e insegurança. Objetos como uma calça jeans com enchimento macio, preparada para servir de apoio e dar continência à criança, podem favorecer sua organização motora inicial, dando o suporte para que ela comece a rolar, sentar e engatinhar com segurança, adquirindo independência pouco a pouco até andar de forma independente.

O Desenvolvimento da Criança Cega


Consideradas do ponto de vista das necessidades afetivas, físicas, intelectuais, sociais e culturais, as crianças com deficiência visual não diferem das demais crianças. Entretanto, em decorrência da sua deficiência sensorial, apresentam necessidades específicas, caminhos e formas peculiares de apreender e assimilar o real. Precisam desde cedo da convivência em um ambiente organizador das suas experiências sociais e sensoriais no qual suas aprendizagens ocorram em contextos significativos.
O bebê cego precisa (mais do que outras crianças) de muito toque, aconchego, modulações de voz, encorajamento a mover-se, tocar e procurar objetos e pessoas, além de estímulo intenso à exploração do ambiente ao seu redor. A busca pelo movimento deve ser incentivada com estímulos multissensoriais sendo facilitado muitas vezes com brincadeiras utilizando o próprio corpo. Por conta da perda da visão, percebe-se que a maior parte das crianças demora a ficar de pé e a andar, não só pela falta da motivação visual que não está ocorrendo, como também pela falta que a visão faz para o desenvolvimento da coordenação motora. Este desenvolvimento fica comprometido principalmente em relação ao senso de organização corporal e experimentação do corpo no espaço, devido à pouca atividade motora, proprioceptiva e vestibular.
Para desenvolver a capacidade de simbolizar o ambiente em que vive a criança cega, especialmente no seu primeiro ano de vida, necessita de rituais, de continuidade, de repetição e de rotina. A vivência contínua das atividades e ações no espaço e tempo a levarão, pouco a pouco, a antecipar acontecimentos e a organizar-se internamente adquirindo as noções de ordem, espaço e tempo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A percepção visual


A percepção visual

“Os olhos que vêem, mas quem enxerga é o cérebro.”

(FANTASTICO, 2005, apud PONTES, 2006)


A percepção visual tem três fases: na primeira a imagem é captada pelos receptores fotossensíveis que se localizam na retina, onde a mesma é projetada; da retina, a imagem é enviada ao lobo occipital através do nervo óptico, onde ocorre a recepção do estímulo visual e a imagem captada é processada, passando a ter um reconhecimento, uma atribuição de significado; na terceira fase, ocorre a integração cortical da imagem reconhecida com os outros sentidos, isto é, com as outras vias sensoriais.
A visão é, geralmente, o sentido que leva a outras formas de exploração do meio, com a tátil, por exemplo, pois atributos como a cor, a forma e a localização dos objetos são identificados visualmente, atraindo a atenção da criança. Este é, para indivíduos videntes, o canal mais importante na relação com o meio, já que capta registros próximos e distantes permitindo organizar, em nível cerebral, as informações trazidas pelos outros órgãos dos sentidos. Cerca de 80% de todas as informações obtidas pelos videntes, lhes chegam através da visão.

A percepção visual, assim como as demais habilidades humanas também passa por um processo de desenvolvimento e isso significa, a grosso modo, que nenhuma criança nasce “sabendo ver”. A interação com o ambiente precisa ser estimulada em todas elas desde muito cedo, de modo que, com auxílio da visão, adquiram habilidades para a mobilidade, autoconfiança e, gradualmente, independência. E é assim que já nos primeiros meses de vida a deficiência visual começa a prejudicar o desenvolvimento da criança, impondo grandes dificuldades à sua interação com o meio.

Nesses casos torna-se ainda mais imprescindível a estimulação precoce da motricidade e dos outros sentidos remanescentes, na tentativa de se evitar outras alterações no desenvolvimento além da cegueira. A visão colabora com a regulação do tônus muscular e é, depois do labirinto, a principal forma de informação do corpo no espaço.

A visão auxilia na obtenção de padrões de postura, no reconhecimento das sensações proprioceptivas e é fator altamente influente para o desenvolvimento das habilidades do período sensório-motor. Por esse motivo, quando a criança adquire a cegueira depois de 12 meses, geralmente apresenta uma melhor organização das estruturas mentais, como influência direta do seu desenvolvimento sensório-motor, pois embora elas não retenham imagens visuais, as estruturas mentais que utilizarão se baseiam na visão. Nos casos em que a cegueira se instala após os cinco anos de idade a criança pode, além disso, conservar a memória visual pois terá já desenvolvido todo seu potencial visual para reconhecimento de formas, espaços e cores. Fica claro então que a criança que nasce cega e a que adquire cegueira mais tarde apresentam necessidades diferentes de aprendizagem.

Definindo Cegueira e Visão Subnormal




Os deficientes visuais são divididos em duas categorias: a dos cegos e a dos portadores de visão subnormal. A classificação é feita a partir de avaliações baseadas em duas escalas oftalmológicas: a de acuidade visual (o que se enxerga a determinada distância) e a de campo visual (amplitude da área alcançada pela visão, medida em graus). Em 1972 um grupo de pesquisadores sobre a Prevenção da Cegueira da OMS, propôs normas para a definição de cegueira e para uniformizar as anotações dos valores de acuidade visual com finalidades estatísticas, as quais ainda encontram-se em vigor.


Diversamente do que se costuma supor, o termo cegueira não é absoluto, pois reúne indivíduos com vários graus de visão residual. Ela não significa, necessariamente, total incapacidade para ver, mas prejuízo dessa aptidão a níveis incapacitantes para o exercício de tarefas rotineiras.


A cegueira total, ou AMAUROSE, pressupõe completa perda de visão. A visão é nula, isto é, nem a percepção luminosa está presente. No jargão oftalmológico, usa-se a expressão “visão zero”. Neste mesmo grupo, próximos da cegueira total, estão os indivíduos que conseguem perceber vultos e formas, os que distinguem claro e escuro e os que conseguem identificar projeções luminosas, isto é, a direção de onde provém a luz. Pessoas com campo visual muito restrito (conhecida como "visão em túnel" ou "em ponta de alfinete"), mesmo sem prejuízo da acuidade nesse campo, são consideradas cegas. Esses casos recebem as denominações de "cegueira legal" ou "cegueira econômica".


Legalmente, uma pessoa é considerada cega se corresponde a um dos critérios seguintes: a visão corrigida do melhor dos seus olhos é de 20/200 ou menos, isto é, se ela pode ver a 20 pés (6 metros) o que uma pessoa de visão normal pode ver a 200 pés (60 metros), ou se o diâmetro mais largo do seu campo visual subentende um arco não maior de 20 graus, ainda que sua acuidade visual nesse estreito campo possa ser superior a 20/200. As pessoas com perda visual em padrões menos severos que estes são consideradas portadoras de “visão subnormal”.


Para fins pedagógicos, considera-se como cego aquele que, mesmo possuindo visão residual, é incapaz de ler tipos impressos, necessitando de instrução em Braille (sistema de escrita por pontos em relevo). Por essa definição, considera-se como portador de visão subnormal todos aqueles que, com o auxílio de recursos ópticos, podem ler tipos impressos ampliados.

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